sexta-feira, 29 de junho de 2012

Trocas Comerciais


Num mês e meio cá por terras Angolanas, já fiz cerca de 14.000km, e na estrada, é o local onde existe mais policia! É bom, sentimo-nos mais seguros – ou não… - sentimo-nos mas confiante – ou não…
É que quando nós vemos um Policia/Guarda/Agente da autoridade, temos essa sensação, ou pelo menos eu tenho quando estou no meu País.
Aqui, a sensação era a mesma, pelo menos durante os primeiros 5 ou 6 dias, mas depois mudou.
Aos pouco começamos a perceber a mentalidade, a forma de pensar, a forma de estar deste povo tão diferente do nosso. Não há hipótese, somos diferentes! Mentalidades, formas de estar, de viver, de pensar, em termos éticos… em tudo!
O nosso primeiro encontro com um agente da autoridade, foi num final de tarde, onde estacionei o carro perto de uma padaria, e depois de uma assopradela do apito do agente, informou-nos que aquele era um local proibido. Multa dizia ele… tinha que pagar multa… e pensei… isto é a terra deles, mas eu não sou parvo e comecei de forma muito educada a “discutir” com ele. Mas porque raio é proibido… porque é que não se pode estacionar ali? Bla bla bla e enquanto falávamos, passavam carrinhas de caixa aberta com pessoas na caçamba (é o termos que utilizam cá para a caixa aberta), carros em contra mão, motos sem luzes… enfim o pandemónio do costume. Lá consegui desenrascar e não paguei multa!
O segundo encontro foi ainda mais ridículo, mas dessa vez não ia a conduzir... Vínhamos de Luanda com o motorista da empresa e como o nosso carro ainda não tem a tampa para fechar a caçamba, levava-mos parte das bagagens no banco de trás. Isto é, como sabíamos que era proibido levar malas em cima dos bancos, pusemos as malas na caixa, mas deixamos uma caixa de plástico que se fosse na caixa partia-se toda (era o WC para o Salpico que finalmente encontramos um em Angola e compramos). Fomos mandados parar e o agente apenas disse, 47.000 AKZ de multa, mais 5.000AKZ para libertar a carta de imediato (sim, porque eles ficam com a carta, e só a dão quando pagarmos a multa – que temos que nos deslocar até Luanda para  pagar). Depois de muita conversa muita treta, lá nos “safamos” e oferecemos as gasosas que tínhamos no carro… Claro está, andava o agente preocupado com a caixa de plástico do gato e passavam por nós camiões carregados até à China, carros com excesso de lotação… mas isso não interessava… a caixa é que era perigosa!
Nos fim de semana, o povo angolano gosta muito de festas, adora a sua Cuca (cerveja) e para ter a Cuca, tem que ter gasosa… é assim, são as trocas comerciais, uma gasosa por 10 Cucas J
P. 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Comida


Pois é, comprar comida em Angola é uma aventura! Nós até podemos dizer que somos uns afortunados, pois vivemos uma cidade em que existem pelo menos 3 supermercados com alguma dimensão, mas os preços têm uma disparidade louca!

Um quilo de alhos pode custar 600Akz ou 1900Akz (5€ ou 17€) dependendo do supermercado a que vamos. Num local não há frescos, no outro não há congelados, noutro só tem embalagens de 20 unidades… enfim, sempre que vamos às compras, temos sempre que ir a mais que um local!
Mas aqui na “nossa” terra, temos sorte, vai abrir até ao final do ano, um hipermercado! Vamos lá ver o que sai dali…
Não faço publicidade, mas até já tenho saudades dos cartõezinhos de descontos, ou das músicas doces meia larilas ou dos preços mimimimi!
Mas temos que viver com o que há aqui!

Existe um outro local onde que se pode comprar produtos. É o mercado de rua e ai sim, é uma loucura! Ainda não tivemos coragem de nos metermos no meio desses mercados que estão dentro da cidade, tal é a tamanha confusão, pó, sujidade e quantidade de pessoas!
Mas como eu ando sempre de um lado para o outro, já ganhei coragem e parar o carro à beira da estrada e comprar nos mercados das aldeias!
Ai compram-se produtos de qualidade excelentes, a preços acessíveis! Mas atenção, são só frutas e legumes!! Mas tem um problema… é a quantidade… aquilo é à bacia! No outro dia, comprei uns 10kg de abacate por 4€… claro está estragaram-se!!!
Quando tivermos uma internet em condições adicionamos umas fotos… J
P.

sábado, 16 de junho de 2012

Um mês

Um mês…
Faz um mês que vim para Angola.
Faz um mês que senti o calor da família e dos amigos como nunca.
Faz um mês que chorei, que vi e ouvi chorar!
Faz um mês que senti ainda mais o sentido da palavra Amor, Carinho, Amizade Ternura e Saudades.
Saudade… das palavras mais fortes e belas da língua Portuguesa.
Felizmente, sim, felizmente, sinto Saudades! É bom sentir Saudades!
Faz um mês que iniciamos a nossa aventura por terras desconhecidas, tal como os meus Avós fizeram à quase 100 anos!
E cá estamos nós, à um mês, a viver a nossa aventura!
P.A.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Minas anti pessoais e anti tanques


Temos que ser diretos na análise do País.
Angola é um país perigoso. Não em termos de segurança, pois até agora, não tive qualquer problema, nem me senti sequer um pouco acagaçado mas as estradas são um perigo constante e existem minas. Sim existem minas! Existe o perigo constante de morte! Por isso Angola é um país perigoso, digam o que disserem!
No caminho para o meu escritório, passo por uma estrada em que existem umas pedras pintadas de branco e vermelho. Nunca percebi o que era aquilo, pois nunca tinha parado para ver as sinaléticas. Descobri, em conversa com um fiscal, que essas ditas pedras, são a demarcação de zona com minas!
Cada dia que passa, fazemos descobertas novas neste país no mínimo peculiar!

E mantenho a minha afirmação, Angola é um país perigoso. Tenho dito!!!


sexta-feira, 1 de junho de 2012

De Luanda ao Lobito...


Depois da pacifica chegada a Luanda ás 7h da manhã de Domingo, foi pousar a bagagem em casa do primo Jorge onde iriamos pernoitar nessa noite e na seguinte... e rumar em direcção á praia, para começar em beleza o primeiro dia em terras angolanas J, comi uma especie de amendoins torrados que dão pelo nome de Jimguba, algo viciante :P

O clima é muito abafado, não tanto quanto o esperado, pois estamos no chamado cacimbo, aqui, apesar do fuso horário ser o mesmo de Portugal é muito estranho, pois ás 18h já é noite cerrada e o dia começa muito cedo, por volta das 6h da manhã já o dia vai alto J, nos primeiros dias estranhei imenso.

As primeiras impressões...

É de todo uma realidade completamente diferente da nossa, desde a condução (caótica e quase sem regras), a pobreza e a riqueza que co-habitam de uma forma que nunca imaginei alguma vez ver... imaginem prédios novos mega sofisticados ao lado de casas meio destruidas, não existe aqui a noção de ordenamento do território e sinceramente não sei se alguma vez irá existir...
Mas até agora não posso dizer que alguma coisa me tenha chocado, pois as minhas expectativas eram demasiado baixas para algo me poder chocar.

Até ao Lobito a viagem é longa, aqui temos quase que afinar a escala para as dimensões deste país que nada tem haver com as do nosso pequenino Portugal... no caminho, árvores nunca antes vistas, conforme vamos descendo, a paisagem torna-se mais árida, fomos mandados parar nas únicas portagens existentes em Angola antes do rio quanza, pediram os documentos do motorista, levavamos alguma bagagem ao meu lado no banco de trás, parece que aqui é proibido levar qualquer tipo de bagagem nos bancos (mesmo que sejam mochilas), colocámos essa bagagem na caixa aberta da pick up onde já se encontrava a mala de viagem grande... não pediram a famosa gasosa (dinheiro), mas acho que a intensão era ver se dava alguma coisa... assim que passámos a ponte e longe dos olhares dos agentes, parámos o carro e voltámos  a pôr as malas dentro J




Neste trajecto a cidade que mais me impressionou pela negativa foi o Sumbe capital da provincia de Kuanza Sul, que parece ter sido construida numa lixeira...



A.